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quarta-feira, 9 de maio de 2007

Estupidamente, lá no pé-sujo


Vamos começar no fundamental: o quê é um pé-sujo? Ora, ora, todo mundo sabe ou já entrou num contato de primeiro, segundo ou terceiro grau com um “pé-sujo”. Não se engane pelo nome, um pé-sujo também se conhece por “sujinho”, “botecão”, “zulêjo”, “bêco”, “chafariz de calçada”, “Laguimar”, “Bar do Tião”, “Tatu Rodano” e outros nomes em acordo com cada região e suas particularidades. Olha, o pé-sujo tem uma mesma estrutura em qualquer lugar, sempre um balcãozinho revestido de azulejo com um “mostruário” de vidro ensebado e cantoneiras enferrujadas. Dentro disto, os mais diversos “agrados”: o pernilzinho com farofa, o P.F. de rabada, o ovo pré-cozido, o joelhinho de porco, o angu de copinho descartável, e outras coisas e nomes de acordo com cada região e suas particularidades. Um pé-sujo é freqüentado por um espectro de “fulanos” os mais diversos; tem, obviamente, a velha-guarda, o pessoal “old-school” que prefere sentar nos banquinhos altos redondos lá no final da fileira, comem todos os dias o mesmo P.F. e adoram um “rabo-de-galo” pra digestão; tem os futebolísticos que freqüentam o pé-sujo apenas em dia de jogo (especialmente quando se tem tv por assinatura, aí é todo dia, qualquer jogo, qualquer lugar, visa ou mastercard...); pois bem, tem os plantonistas, os fanfarrões, os piadistas, os sortudos da vez, etc. E o nome, vem de onde ? Apesar de parecer fácil a resposta, há muita controvérsia entre os filósofos-de-boteco (outro tipo de frequentador, geralmente concursado depois de usar uma citação sebosa e insistir na metafísica mais abstrusa). Bem, a melhor versão diz que ao pisar num chão de boteco, sua sola entra em contato com uma substância em particular: o álcool sêco, vindo das “branquinhas” que foram pro santo e o resto do álcool que por motivo do acaso acabaram parando lá... pois é, o álcool sêco triplica a aderência da sola do sapato com qualquer coisa que estiver no chão, papel de bala, guimba, tampinha, etc... a e o banheirinho hein ? Ahhh, sua localização é única, eles ficam geralmente lá nos rincões do universo em expansão contínua, depois dos tropeços e ombradas na parede, bem do lado da cozinha... São obras de arte, muito anteriores ao centro Pompidou, ou seja, o espectador é convidado a participar da própria obra, ele é parte integrante dela... os encanamentos estão todos expostos, pouco acima fica a caixinha d’água, também exposta, e a fiação elétrica ! adivinhem!
Mas onde entra o estupidamente do título ? Ora, é isso mesmo que você está pensando até agora! A cervejinha não-pasteurizada de garrafa 600ml, numa temperatura que desafia as leis termodinâmicas... Mais em particular, é que aqui perto de casa tem um pé-sujo que de maravilha têm uma única coisa, a legítima estupidamente (também chamada de “véu de noiva”, “mofadinha”, “orvalho”). Outros lugares também têm esse tesouro. Os nomes são bem auto-explicativos... não é ? é aquela cervejinha que vem com uma crosta de gelo e cujo manuseio é uma arte para poucos... Não se engane, também não é qualquer cerveja com véu que é um estupidamente, não vale congelar ! e não vale nem um “pouquinho de gelinho de nada”, aquele gelinho das bolhinhas de ar invalidam a condição de estupidamente, mesmo que pequenininhas! Cerveja não é drink frozen... a regra é clara, o manuseio não é feito com a mão, nem que seja com luva térmica, tudo é manipulado com a artimanha do barbante enrolado no gargalo. uma estupidamente deve ser imediatamente colocada no recipiente térmico, a tampa deve ser tirada bem devagar e, por último, tem que esperar um pouquinho antes de colocar no copo (tem tempo certo pra isso, o aprendizado fundamental é por ensaio e erro). Se tudo for feito corretamente, aprecie esta maravilha e não deixe passar das dez horas pra comprar o sensodyne nas farmácias. Bem, tem mais uma coisa... Eu sei que para os mais puristas a “estupidamente gelada” é literalmente estúpida, já que a temperatura estúpida tira qualidades fundamentais da cerveja...mas enfim, eu tô abaixo do equador.

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